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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Porque amar é brega...

A cada dia que passa eu fico mais preocupada com as minhas amigas. As doidas foram passar as férias no nordeste, conheceram umas bandas de forró e agora só escutam isso. Pra deixar a situação ainda mais crítica elas estão dispostas a ir no show do Garota Safada que acontecerá esse sábado em Brasília.


Eu admiro a criatividade desses grupos de forró na hora escolher o nome da banda. Admito que achei fenomenal "Garota Safada", porque o cantor parece uma garota e a safadisse é o que deixa o forró (dança) tão atraente. Acho que é uma das danças brasileiras mais sensuais que temos. Aquele ralar de coxa, o fungado no cangote, a mão na cintura bem apertada deslizando de vez em quando...Forró (o ritmo) é bom demais. Já as letras...


Normalmente quando saio para dançar costumo abstrair o que dizem as músicas e me envolvo só no bit. Mas essa semana, no encontro das doidas, só rolou Garota Safada e eu descobri que eles tem uma música que é quase a minha história com o Caio. Foi ai que eu me dei conta que fórros, sertanejos, pagodes e afins entram no hall do brega porque eles falam de amor. E não existe nada mais brega que o amor. QUALQUER ser humano que já se apaixonou ficou brega, e aqueles que nunca foram atingidos por essa bendita (ou seria maldita) flecha do cupido podem se preparar: a breguisse vai afetar vocês também.


As metáforas que usamos para declarações são tão ridículas que chegam a ser cômicas. Vai dizer que "Céu, tua boca tem o céu infinito no prazer" não é uma das coisas mais cafonas que você já ouviu (ou leu). "Um beijo fala mais que mil palavras. Um toque é bem mais que poesia. No seu olhar enxergo a sua alma. Sua fala é uma linda melodia" é patético. Os versos são pobres, as rimas então... Mas a pessoa entende, se identifica, se reconhece...A maior fraqueza do ser humano é amar e ela está ali exposta para quem quiser na música mais pedida nas rádios. 


Essas músicas tachadas como bregas são muito mais fáceis de compreender do que aquelas que alguém falou serem "música popular brasileira" e que de popular não tem nada porque a maioria da população escuta Luan Santana. Claro. O menino fala a linguagem que o povo está acostumado. Muito mais fácil de entender Jorge e Matheus que Djavan se declarando e falando "Essa desmesura de paixão é loucura de coração. Minha Foz do Iguaçu,Pólo Sul, meu azul.Luz do sentimento nú".


Acho que tô precisando ser um pouco menos preconceituosa no quesito musical e abrir novos horizontes. Vou até escutar a música do Garota Safada de novo, decorar e fazer uma serenata pro Caio.




E fui ficando, fui gostando
A ninguém dei ouvidos, mas descobri
Que você só queria ver meu coração ferido...
Dói, dói, dói
Mas se bater saudade vou me controlar
Só não sei se quando você me ligar
Eu vou me segurar pra não lhe atender...


3 comentários:

  1. E qdo é q a gente vai dançar aquele forró mermo?!?!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Creio que falar do amor como sendo uma fraqueza é algo digno desta civilização (ocidental, capitalista), que, calcada no egoísmo e no individualismo, fez surgir nela alguns indivíduos de classe média que preferem não depender emocionalmente de qualquer outra pessoa, pois não consideram tal dependência saudável, e sim nociva. Nesta civilização, muitas pessoas (em especial as de classes sociais médias ou mais abastadas) querem ser plenamente independentes e afirmarem enormemente sua própria identidade e, com esse "narcisismo" exacerbado acabam não percebendo que o amor os faz crescer como pessoas, conforme pode fazê-los enxergar seus próprios defeitos e mudá-los, além de ajudar a fazer o mesmo na outra pessoa, que é amada.
    A maioria dos poetas e escritores europeus e deles descendentes que vejo falam do amor como alguma espécie de fraqueza, enquanto que a maioria das pessoas mais simples, do povo mesmo, aqui no Brasil falam (na maioria das vezes) do amor como uma coisa boa. Levando em conta a segregação racial que existe aqui (maioria dos pobres é negra, maioria dos ricos é branca) acho que essas diferenças nas formas de ver o amor refletem uma herança cultural coletivista e menos egoísta (da parte dos pobres, predominantemente negros, uma herança coletivista da maioria das civilizações africanas) e uma herança cultural mais individualista (da parte de muitos da elite e parte da classe média, predominantemente branca, com uma herança cultural européia forte, mais egoísta desde os tempos do pré-capitalismo).

    Não se trata de dizer que tal etnia/"raça" é de um jeito e a outra é de outro naturalmente, mas sim que havia diferenças na maneira de ver os sentimentos, quando comparamos a maioria das civilizações africanas com a civilização ocidental como um todo, e que isso influenciou nosso país, aparentemente.

    Ciúmes ou crimes "passionais" são diferentes de amor. São fruto de obsessões em maior ou menor grau.

    Somente pessoas altamente vaidosas e de ego frágil enxergam o amor como uma fraqueza, ao invés de vê-lo como uma força que une as pessoas e as torna melhores.

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