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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Os jornalistas que me desculpem

Meus amigos jornalistas que me desculpem, mas um encontro com vocês é chato demais.

Tudo bem, eu estou generalizando, mas uma vez foi mais que suficiente para mim. Esse fim de semana eu sai com um desses jornalistas (convém não revelar quem é) e vou dizer que se arrependimento matasse eu já estava no estágio mais avançado de decomposição.

Para começar ele me fez milhões de perguntas. Acho que ele não sabe a diferença entre um encontro e uma entrevista. Queria saber o quê, quando, onde, como e porque. Na certa ele vai fazer um lead da saída para os amigos dele. Eu demorei séculos para comer o que pedi porque sempre que ia colocar a comida na boca ele me fazia uma pergunta e eu tinha que responder.

Outra coisa, qual o problema dessa geração de jornalistas que estão antes dos 30 e insistem em parecer cults? Eu já falei que acho pseudo-cults muito chatos? Minha imagem de jornalistas eram homens inteligentes, que apreciavam uma boa cerveja gelada, um boteco, uma boa conversa e uma música da boemia no melhor estilo Lapa. Que traziam consigo um mistério proveniente do off, das fontes que não podem ser reveladas e um charme que só quem passa dias apurando e noites em claro tentando escrever uma matéria sensacional pode ter. Sonhei demais né?

Talvez os jornalistas de antigamente até fossem assim, mas os de hoje. Primeiro eles têm uma necessidade de parecer mais inteligentes, mais bem informados, mais exclusivos que qualquer um. Posam de intelectuais e afirmam desconhecer autores modernos, a não ser que eles sejam russos, poloneses, finlandeses e afins. Filmes hollywoodianos estão fora de cogitação, sendo assim eles não frequentam cinema. Música? Só clássicos. A nova mpb é lixo. Maria Gadú é um menino homem que só canta shimbalaiê.

Sendo assim, meu querido jornalista não gostava de nada do que eu gostava de fazer e depois de duas saídas tediosas ele teve a pachorra de dizer que eu precisava de um namorado para ficar mais quietinha, porque eu tenho uma vida social ativa demais.

Oi? Para começar, quem decide se eu preciso ou não de um namorado sou eu. E em segundo lugar, eu acho minha vida social excelente. Ele que insiste em querer viver na década de 20 e, por consequência, não encontra nada para fazer na cidade.

Se a pessoa quer ter uma idade que não tem, viver num tempo que não viveu e saber de coisas que ninguém se importa mais PROBLEMA DELA. Mas deixa eu viver minha vida do meu jeito. Eu curto falar de política, economia, da não-derrubada do Mané Garrincha. Mas também adoro falar sobre bbb, ídolos, sapatos e maquiagem.

Eu gosto de escutar Caetano, Djavan, Cazuza, Chico Buarque. Mas também adoro sair para dançar ao som do David Guetta, Exalta, Ivete Sangalo... Poxa, a gente tem que viver a idade que tem, porque o tempo não volta. Vai ser ridículo eu com 60 anos querer pagar de tchutchuca e sair para a balada de minisaia (que o diga Suzana Vieira), como também é muito esquisito uma pessoa no auge dos seus 20 e poucos anos só querer saber de ópera e Freud.

Por favor meninos e meninas, ser inteligente é legal, aliás é mais do que importante, mas parem de pensar que inteligência é desprezar a cultura de massa moderna.

4 comentários:

  1. O pior é pensar que o cara, as vezes, nem é tão assim. Mas quer fazer pose e finge ser isso pra tentar impressionar... o que é mais ridículo ainda, né?

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  2. Falou tudo!
    Melhor parte: "Por favor meninos e meninas, ser inteligente é legal, aliás é mais do que importante, mas parem de pensar que inteligência é desprezar a cultura de massa moderna. "

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  3. Nossa, disse tudo o que eu sempre pensei!

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