Quer ler sobre o quê?

Também escrevi em meu tempo cartas de amor...



 

"Todas as cartas de amor são ridículas. "
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.





20 de maio de 2011. Depois de tentar tudo para tirar uma música da cabeça.

Tá, eu sei que deveria estar trabalhando. Mas sabe quando você acorda com uma música na cabeça e não consegue tirá-la? Então. Hoje eu acordei assim. A música é brega, eu sei, mas diz tudo o que eu queria... E isso faz com que fique mais difícil parar de cantarolar...

Já tem mais de uma década que ela foi escrita, mas poderia muito bem ter sido escrita por mim hoje. Você vai achar ridículo quando reconhecer a canção, mas foque apenas na letra, porque é isso que eu queria te dizer...

Há uma nuvem de lágrimas sobre os meus olhos
dizendo pra mim que você foi embora
e que não demora; meu pranto rolar...
eu tenho feito de tudo pra me convencer
e provar que a vida é melhor sem você
mas meu coração não se deixa enganar...
vivo inventando paixões pra fugir da saudade
mas depois da cama, a realidade
essa sua ausência doendo demais...
dá um vazio no peito, uma coisa ruim
o meu corpo querendo seu corpo em mim
vou sobrevivendo num mundo sem paz...
Ahh.. jeito triste de ter você
longe dos olhos e dentro do meu coração
me ensina a te esquecer
ou venha logo e me tire dessa solidão...

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12 de maio de 2011. Uma tarde difícil de se concentrar no trabalho

Estou com saudades.
Não de você, mas de mim.

Estou com saudades dos meus sonhos, da minha inocência, do meu romantismo.

Eu lembro que não fui sempre assim. Eu já acreditei em amor. Eu já acreditei em você.
Eu não fui sempre essa pessoa incrédula, com o pé atrás, insegura... Você me transformou num ser frio.

Tudo bem. A culpa não é só sua. Antes de você vieram tantos outros que maltrataram esse coração tão ferido. Ele voi colado, costurado, remendando uma infinidade de vezes. Você deu apenas o golpe final, assim como o soldado que clavou a lança no coração de Jesus.

Estou com saudades de amar, de me entregar.
Estou com saudades de não desconfiar de cafunés.

Tudo bem, eu assumo, também estou com saudades de nós. Mas não vou chorar, não vou ligar... Não vou me entregar.
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21 de março de 2011. Depois de assistir "Sexo sem compromisso"

Eu te odeio.


Você destruiu tudo. E eu também. Nós colocamos um fim naquilo que nem permitimos começar e agora nem comédia romântica eu assisto sem chorar. Isso porque nossa não-história de amor é um pastelão digno de Hollywood. Tem risadas, tem sexo bom, tem olhares que se entregam, tem brigas sem sentido. E tem também cenas de terror com feridas que parecem ser incuráveis, sufocamento, arrancar de corações, medo de ir pelo caminho desconhecido e pânico ao sentir aquele já conhecido arrepio na espinha.

Por que você inventou de voltar para minha vida? Por que eu não posso dizer que te amo? Por que você não assume que me quer?

Eu precisava dizer. Eu precisava me declarar. Eu precisava que alguém soubesse. Eu desejava que você soubesse. E eu inventei tudo isso para você me achar. Eu me revelo em pontos, vírgulas e pingos nos is, mas mesmo assim você não me encontra.

Me acha. Me deixa te amar?
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17 de março. Na madrugada, entre um sonho e outro

É como se eu estivesse fugindo e de repente me visse a beira de um abismo sem ter como andar para trás. Lá embaixo tem um oceano. Minha maior tentação é saltar, sentir a liberdade de voar e depois mergulhar no mar, mesmo sabendo que corro o risco de me machucar. O impacto pode ser grande, e sabe Deus as pedras que irei encontrar por lá.

Por enquanto sinto o vento me acariciar e o frio na barriga me dominar cada vez que olho para baixo e imagino o que está por vir. Estou sem saída.



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16 de março de 2011. No meu quarto TENTANDO ler um livro

Em se tratando de você eu vivo eternamente entre o amor e o ódio. Esses sentimentos se misturam de tal forma que não sei mais qual é qual. Tenho minhas dúvidas se o que sinto por você é uma paixão raivosa, ou uma fúria passional.


Te desejo com ira. Me satisfaço com o seu pesar, mas ao mesmo tempo sofro quando tu apelas para a indiferença.


No nosso jogo de gato e rato, nessa brincadeira de polícia e ladrão, eu nunca sei qual é o papel de cada um. De qualquer forma, isso não importa. Meu coração já está tão partido que quando a gente se esbarra, no meio das nossas fugas, ele apenas ganha um trincado a mais.


Meu coração está tão partido que não deve ter mais conserto. Talvez seja hora de decretar morte cerebral e desligar tudo que me mantem viva em vôce.

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3 de março de 2011. Sala de espera da ginecologista


Acho que estou em uma semana daquelas em que tudo me faz lembrar você.


Eu ligo a TV e está passando seu programa favorito. Entro na livraria e vejo um lançamento que é simplesmente a sua cara. Recebo promoções de passagens para destinos que você adoraria ir. Entro em sala de aula e tem alguém com o nome igual ao seu.


Até mesmo quando faço coisas que você nunca faria eu me lembro de você. Escuto sua voz me censurando cada vez que ponho para tocar uma música ridiculamente brega. Vejo seu sorriso de "você não tem jeito" cada vez que me arrumo no auge da minha peruísse. Sinto seu olhar de reprovação cada vez que gasto meu dinheiro com algo totalmente inútil.
É verdade que aos pouquinhos vou me acostumando a ver um carro igual ao seu na rua, mas ainda me arrepio se alguém passa por perto com um perfume igual ao seu.


Dói sentir sua ausência, inclusive no mundo virtual, mas me tortura ainda mais as poucas vezes que te vejo on-line e tenho que usar toda a minha força para não falar com você. (Sintomas de dor de cotovelo do mundo moderno).


Acho que tudo isso é porque tem tantas coisas acontecendo na minha vida que eu queria te contar. Tantas mudanças que me assustam e me fazem desejar um abraço seu. De alguma forma parece que ele é meu melhor calmante.


Queria tanto ouvir de você que vai ficar tudo bem. Queria tanto escutar você me chamando de desmilinguida e dizendo que talvez, por causa disso, as coisas funcionem na minha vida de uma forma que nunca daria certo na vida de ninguém.

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07 de fevereiro de 2011. Uma tarde qualquer no trabalho


Esse fim de semana assisti Cartas para Julieta. O filme me deu muito mais vontade de me mudar para Verona e virar secretária de Julieta, se é que elas existem, do que viver um amor no estilo do romance shakesperiano. De qualquer forma, me peguei viajando sobre a tragédia que é morrer de amor quando você, mais uma vez, atravessou meus pensamentos e eu me dei conta nós somos a releitura tosca e frustrante de Romeu e Julieta.


Meu pai, há muitos anos atrás, agiu tal qual Capuleto e proibiu um namoro que tinha acabado de começar. Eu, ao contrário de Julieta, não chorei, nem esperneei. Você, diferentemente de Romeu, aceitou às condições. Talvez nossa história tivesse sido diferente se na minha janela existisse um balcão, se eu fosse apaixonada por você, e se você não tivesse um orgulho para engolir.


Das lições que tirei do filme a mais certa é que “e” e “se” são palavras tão inofensivas quanto às outras, desde que não estejam juntas. E a vida, talvez na tentativa de evitar que adotássemos o “e se”, nos deu uma segunda chance. E nessa nova oportunidade nós mesmos determinamos a impossibilidade e a imprudência de viver esse amor. 


Quem precisa de rivalidades como a dos Montecchios e Capuletos quando se vive no século XXI? Hoje em dia é muito mais fácil dizer que um amor é proibido: temos carreira, viagens, ambições...Tudo isso sendo colocado como obstáculo para se prender, se comprometer. Se nem eu e você temos coragem de abrir mão de um fim de semana de liberdade, imagina lutar e morrer de amor como fizeram Julieta e Romeu? 


Quem precisa de rivalidades como a dos Montecchios e Capuletos quando se pretende ser uma mulher moderna, livre de amarras e dona do próprio nariz? Quem precisa de rivalidades como a dos Montecchios e Capuletos quando se vive numa época em que se apaixonar é ridículo? Quando se vive no século onde e acreditar no amor e largar tudo por ele é o mesmo que assinar um atestado de ignorância?


Quem precisa de rivalidades como a dos Montecchios e Capuletos quando o Romeu e a Julieta somos eu e você, que somos tão iguais e tão diferentes? Que somos tão cabeça dura e tão patéticos? Que não queremos, em nenhum momento, assumir o que todo mundo vê? 


Quem precisa de rivalidades como a dos Montecchios e Capuletos quando a Julieta sabe que hoje é apaixonada pelo Romeu, como talvez ele tenha sido há anos atrás, mas tem também, na mesma proporção, um orgulho para engolir que não passa pela garganta nem acompanhado do melhor vinho de Baco?


Quem precisa de rivalidades como a dos Montecchios e Capuletos quando não se tem coragem de viver o inesperado? Quem precisa de rivalidades como a dos Montecchios e Capuletos quando não se consegue dizer aos quatro ventos EU AMO VOCÊ?


Quem precisa de rivalidades como a dos Montecchios e Capuletos? Com certeza não somos eu e você.

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26 de dezembro de 2010. Avião da Gol sobre algum ponto do Atlântico

Um querer sem algemas, sem prisão. É mais ou menos isso que eu sinto por você. Sentimento que faz com que eu anseie pelo seu mau-humor e aceite seus insultos e agressões verbais gratuitas sem perceber o tamanho da ferida que se abre. E quando percebo o machucado, sou tomada por um ódio tão grande que se confunde com um amor tolo e faz com que eu sinta medo e fuja de tudo em vez de enfrentar essa sua “ira”, que não é nada mais que o fruto de uma mágoa adormecida que insiste em despertar nas horas mais impróprias.

O que sinto por você é um desejo que vai além do sexual, que arde na presença do mais profundo silêncio de um abraço. Que se sacia no simples ato de ver, até mesmo, o pior programa de tv no aconchego do seu colo, me perdendo no ritmo da sua respiração e no pulsar do seu peito.

O que sinto por você bagunça os meus sentidos, desperta minhas emoções mais racionais, mostra o melhor e o pior de mim. 

Você me atrai e me repele quase como uma brincadeira de io-io e faz com que eu sinta uma vontade louca de remar contra a maré, enfrentar qualquer correnteza e abrir mão de tudo aquilo que esperam de mim para fazer aquilo que eu quero fazer. 

O que eu sinto por você dá vontade de fugir pelo caminho que deixará mais pistas para que você possa me achar um dia.

P.S: Um dia você me perguntou o que era então que eu sentia se não era apenas carinho e tesão. Eu me lembro que não soube responder. Por algum motivo, no meio do meu voô de volta para casa acordei de um sonho com uma necessidade vital de dizer tudo aquilo que você me faz, mas você já não fazia parte da minha vida e eu precisei escrever no último guardanapo que ainda restava na bandeijinha de lanchar. Deu para entender?