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terça-feira, 5 de abril de 2011

Micarês, despedidas de solteira e a descoberta que a idade chegou

O que a gente não faz por uma amiga? Se ela vai casar então, fazemos tudo mesmo, inclusive ir numa micarê. Tudo bem que quando a Marina me falou da despedida de solteira dela não me disse que iríamos para uma micarê. A informação era que iríamos para o show do Asa de Águia e iríamos pedir para que ele tocasse “casamento não”. Se fosse assim não seria um sacrifício tão grande. Asa é um dos meus grupos de axé preferidos. Na verdade foi meu primeiro CD do gênero e ainda era ao vivo. Eu me apaixonei perdidamente pelas batidas. Dava vontade de sair dançando. Bom presente para celebrar minha primeira década de vida.

Apenas horas antes de sair de casa, quando li meu abada, descobri que além de Asa de Águia o evento teria Levanoiz (aquele mesmo do Superman que foge com a Mulher Maravilha) e Chicabana. Minha primeira reação foi querer assassinar a louca que me omitiu essa informação. Mas quem tá na chuva é para se molhar. Sempre pensei que se quem canta seus males espanta, quem dança exorciza. Além do mais eu estaria com Durvalino, meu rei. E foi assim que eu, Maria Eduarda Richestein, que nunca havia ido numa micarecandanga, me vi participando da tentativa de ressurreição da mesma.

A chegada no autódromo foi traumática. A primeira coisa que pensei quando vi um ônibus cheio de gente chegar ao local foi “abriram as portas do inferno”. Quem vai para um show de axé, correr atrás do trio, de mini-saia, salto alto e meia arrastão? E que tipo de homem toma tanto anabolizante? Deve tá faltando hormônio de cavalo no meio rural, certeza. Para piorar, quando entramos no show, Levanoiz (ai gente o nome do grupo já vem com erro de português) estava tocando uma música que manda as pessoas dançarem igual à Gretchen. Tomamos, no mesmo momento, a sabia decisão de não ficar no trio e permanecer a noite inteira no camarote.

Eu estava lá, abstraindo, esperando Asa começar a tocar, alimentando minhas lembranças de músicas que falam sobre o “céu azul destino das estrelas onde o vento sentiu a flor”. Mas nãooooo. Durval me abre o show cantando REIciclável da avenida. P*%& que pariu. De onde as pessoas tiram inspiração para essas coisas? Por que eu não ganho dinheiro escrevendo esse tipo de bobagem? Sinceramente, Durval nunca deveria ter encontrado Jesus. Suas músicas eram muito melhores quando ele era um bêbado que vivia drogado. Cadê a poesia meu rei? Para onde foram os bons tempos de axé? Você me disse “haverá um sonho lindo na terra”. Cadê ele?

Tudo bem que depois de cantar “o lixo é luxo/limpar no capricho/você vai ganhar/aprenda com isso/a nova floresta vai purificar” Durval voltou ao normal e cantou as músicas dos bons e velhos tempos, inclusive “casamento não”. Podemos dizer que missão dada é missão cumprida. Também, se ele não visse nosso cartaz e uma noiva (sim ela estava de véu, grinalda e saia de tule) no meio da micarê....

No fim das contas a noite valeu, foi boa, mas adeus. Acho que estou ficando velha. Abandono definitivamente meus tempos de shows lotados onde os homens pegam nossos cabelos para cheirar (de onde eles tiram essas idéias?). Quando eu quiser lavar a alma eu vou fazer um flashmob no meu apê. Ligarei o som bem alto e ficarei dançando sem ligar para nada e sem ninguém tentar me beijar.

3 comentários:

  1. Eu tenho orgulho de dizer q nunca fui a uma micarê! Aliás, nunca fui a nenhum arremedo de show de axé! Axé? Merci! Tenho nojo...

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  2. Olha, eu já fui muito micareteiro. De ir à micaretas aqui e em outros estados. Mas, realmente, não dá mais.
    Bombados demais. Barangas demais. Álcool demais.
    Aguento mais não. Hoje eu prefiro o vinho e o jantar com os amigos. As risadas me fazem mais bem que a batida do trio.

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  3. Pois é meninos...Acho que é uma experiência que faz bem em uma determinada época da vida.

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