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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O massagista e a Paula

Cá estou eu na segunda semana do ano parecendo uma versão enferrujada do boneco de lata: dura, entrevada e com o pescoço imobilizado. Tudo isso graças a Paula, minha ex-melhor amiga, que estará morta assim que eu recuperar meus movimentos.

Eu e a Paula ficamos amigas logo que eu resolvi ser independente e sair de casa. Ela mora no andar de cima do meu e nós somos as únicas moradoras do prédio com menos de 40 anos, o que provavelmente explica o fato de sermos também as únicas a usarmos a piscina depois das 11hs. Além de morar no mesmo lugar, nós duas pegamos o mesmo metrô para ir ao trabalho, mas eu desço uma estação antes.

Certa vez nós cogitamos a possibilidade de dividir o aluguel, mas decidimos que para nossa sanidade era melhor cada uma ter seu canto. É que para a Paula o bom da vida é ser solteira e uma balada que não termina com uma boa pegação, não é uma balada (Ela diz que o que ela gosta mesmo já vem escrito no nome dela e que é um desperdício se prender a um homem só quando existe uma oferta tão grande no mundo) e eu não ia gostar de ter um cara diferente na sala da minha casa cada vez que a Paula saísse.

Sendo assim nós nos vemos todos os dias. Vamos fofocando para o trabalho, saímos nos fins de semana e nos domingos nós fazemos nosso programa favorito: tomamos banho de sol na piscina com cerveja gelada para refrescar, falamos mal da vida (principalmente a alheia), pintamos as unhas e vemos alguma comédia romântica na minha casa (eu para ficar sonhando com amores que não existem na vida real, ela para achar tudo ridículo e dar graças a Deus por estar solteira).

E esse domingo não poderia ser diferente. Depois que a Paula expulsou seu “carinha de sábado à noite” da sua casa nós fomos para a piscina do prédio e ficamos falando sobre o quão tediosa foi nossa primeira semana de trabalho do ano. Eu também aproveitei para dizer que estava velha e toda dolorida de dançar na noite anterior e que daria tudo por uma boa massagem. Foi então que ela disse que tinha um amigo que era um massagista maravilhoso e que trabalhava no domingo porque estava precisando de grana. Eu fiquei tão empolgada que liguei para o tal massagista e marquei para o fim da tarde.

Sai do banho, a campanhinha tocou e eu fiquei feliz porque o cara era super pontual. Quando abri a porta quase cai dura. O massagista era LINDO! Eu chega tropecei na minha mesinha quando estávamos a caminho do quarto para começar meu momento relax. A massagem estava maravilhosa, eu já estava num estado de alfa, mais dormindo do que acordada quando ele perguntou se podia usar uma outra técnica de massagem e eu prontamente aceitei.

Eu não sei exatamente o que aconteceu, foi tudo muito rápido. Depois de alguns segundos que eu autorizei a nova técnica de massagem eu senti um peso nas minhas costas e achei que o teto tinha caído. Abri o olho assustada e vi que tudo estava normal. Foi quando eu comecei a raciocinar, olhei pra traz e vi que o cara estava nú e deitado nas minhas costas. Eu não sei de onde ganhei força, mas empurrei o cidadão, sai da cama enrolada no lençol, agarrei o vidro de desodorante que estava no meu criado mudo e fiquei apontando pra ele como se fosse uma arma.
-O que você está fazendo?
-Uma massagem erótica!
-De onde você tirou que eu queria uma massagem erótica?
-Eu pensei que você queria o mesmo serviço que sua amiga quer de mim! Ela não te disse que eu era...
-Que serviço? Eu queria uma massagem, ela me disse que você era um massagista. (Nessa hora eu estava com sangue no olho e ódio no coração).
-Eu sou o que a pessoa quiser que eu seja!
-Como assim o que a pessoa quiser? (Eu não queria pensar o que eu estava pensando)
-A Paula não te disse que eu era garoto de programa não?
-Garoto de que? Sai daqui! Seu Louco! Vai embora!

E esse foi mais ou menos o dialogo que sucedeu até eu conseguir levar o cara para a porta e ter que escutar que eu tinha sido a primeira mulher que não quis transar com ele depois de uma massagem.

Eu fui bater na casa da Paula chorando e xingando dizendo que ela nunca mais olhasse na minha cara e que ela nunca mais indicasse um garoto de programa como massagista a ninguém. Ela passou a noite batendo na minha porta, e ligando e mandando mensagens de desculpas. Eu não fui trabalhar de manhã porque fui ao médico ver as dores que eu sentia por causa do estresse da noite anterior (e também para evitar encontrar com ela no metrô). Agora eu estou aqui morrendo de dor, toda entrevada e pensando em como vou matá-la quando ficar boa.

Eu digo que eu atraio coisas bizarras na minha vida.  Quantas pessoas tem amigas que saem com garotos de programa? 

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