Assisti finalmente ao filme Bruna Surfistinha. Já estava curiosa por causa de tanto bafafá, mas tinha um pouco de receio do que poderia encontrar na telona do cinema. Como leitora do livro O Doce Veneno do Escorpião tinha (ou melhor, ainda tenho) a preocupação de que uma garota de programa virasse exemplo para as adolescentes do Brasil.
Bruna, ou melhor, Raquel não passa de uma adolescente mimada e ingrata que não soube lidar com os “nãos” que precisamos receber na vida para crescer. Seus pais adotivos lhe deram do bom e do melhor e ela não soube retribuir isso. Eu tenho um sério problema com pessoas que se fazem de vítimas, e, para mim, é exatamente isso que ela faz (ou fez).
Quem lê o livro (ou teve a oportunidade de ler o blog) percebe que Raquel gostava da coisa e resolveu unir o útil ao agradável e ainda deu uma baita sorte de brasileiro adorar ler sacanagem na internet. Quer coisa melhor que um blog de uma garota de programa contando seu dia-a-dia de labuta? É melhor do que filme pornô. O que os olhos não vêem o cérebro imagina, e não existe nada melhor para a mente humana que um relato real. Ali não tinha script, não tinha ensaio, não tinha artificialidade. O que Bruna Surfistinha escrevia era real. E ela, na grande maioria das vezes, gostava.
No filme o diretor tentou, e espero que tenha conseguido, desglamurizar a prostituição. Eu sai do cinema com repulsa de sexo. Cada novo homem que contratava os serviços de Bruna me fazia pensar o que leva alguém a escolher esse caminho na vida por livre e espontânea vontade. Fiz as contas e descobri (pelos valores informados) que a Raquel, uma menina que teve a oportunidade de ter uma vida muito boa com a família que lhe adotou, fez nada mais nada menos que 2,5 programas por dia em 3 anos. Isso se a gente considerar que ela trabalhava de segunda a segunda sem férias, feriados e dias santos. Tudo isso para quê?
Mesmo com todas as entrevistas que ela dá eu não consigo entender os motivos que a fizeram seguir esse caminho. Consigo compreender, apesar de me indignar, que crianças de zonas muito pobres se protituam por pratos de comida. É revoltante, mas elas foram jogadas nessa vida sem escolha e sem oportunidades. Mas a tal da Raquel, que virou Bruna, tinha mil opções e escolheu a pior.
A Débora Secco teve uma atuação muito boa e mostrou que a pessoa chega ao fundo do poço quando entra nessa. Mesmo assim, ainda acho perigoso esse estardalhaço da mídia em torno de uma menina que virou prostituta sem ter porquê. Depois ainda querem criticar as universitárias que seguem esse caminho...Elas estão apenas imitando a arte (?). Triste, mas o cinema brasileiro precisa começar a valorizar pessoas que tenham conteúdo de verdade. Algo para acrescentar nas nossas vidas sabe?
Frase q li no Twitter qdo anunciaram q a Débora Secco faria o papel de Bruna Surfistinha: "A única vantagem é q nós vamos poder vê-la como a gente sempre imaginou q ela era!"
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